Estudo Sistemático – Sistema de Governo
Presbiteriano
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Dos sistemas doutrinários
da cristandade, pode-se dizer, sem nenhum favor, que o mais sólido, o mais
logicamente articulado e o que melhor expressa o ensino das Escrituras é o
presbiteriano.
Procurei
expor as características, a autoridade e os deveres
do sistema presbiteriano. Dou ênfase à influência da idéia
fundamental desse sistema: a soberania de Deus sobre o seu todo e
sobre cada parte. Apresento os aspectos fundamentais do presbiterianismo — como
se encontram nos padrões de Westminster - sob os seguintes Introdução
títulos: Teologia, Dever,
Culto
e Governo.
Indico até que ponto vai a
autoridade desses padrões sobre os membros e os oficiais da Igreja
Presbiteriana, e as obrigações individuais e coletivas decorrentes da aceitação
de tais regras.
Nestas páginas tentarei expor,
resumidamente, o sistema de verdades contidas nos padrões da igreja ou, em
outras palavras, buscarei responder à seguinte pergunta: “Quais as
características fundamentais do sistema presbiteriano de fé e prática?".
A IDÉIA FUNDAMENTAL
A palavra “presbiteriano"
não designa apenas o adepto de uma forma particular de governo eclesiástico.
A
doutrina da soberania de Deus é a idéia fundamental do sistema presbiteriano.
Soberania de Deus significa o controle absoluto de tudo quanto existe, exercido
por Deus. O Espírito de Deus, onipotente, onipresente, onisciente, eterno e
supremo, governa todas as coisas visíveis e invisíveis, e as governa para fins
sábios, santos e justos; fins estes conhecidos cabalmente por Deus apenas.
O
sistema
presbiteriano: é o corpo de verdades e leis religiosas que tem como
verdade fundamental a soberania de Deus.
I. O princípio
central da soberania
de Deus decorre de fé e prática
- O primeiro fato a se observar acerca da verdade religiosa é se Deus — que é a verdade eterna — realmente falou orientando os homens em matéria de fé e de conduta.
Todos
os cristãos afirmam que Deus falou aos homens e que essa revelação
se acha entesourada na Bíblia. Mas, embora todos os que se dizem cristãos aceitem
a Bíblia como Palavra de Deus, nem todos a consideram regra única de fé
e prática.
Poderíamos
dividir a cristandade em quatro classes, neste
assunto: racionalistas, liberais, católicos
e evangélicos.
Ü Os racionalistas
negam que a Bíblia seja realmente Palavra de Deus.
Ü Os liberais afirmam
que a Palavra de Deus está contida nas Sagradas
Escrituras, mas negam que toda a
Bíblia seja a Palavra de Deus. Além disso, alguns liberais colocam a
razão humana em pé de igualdade com a Escritura, como fonte de conhecimento
religioso.
Ü Os católicos afirmam
que a Bíblia é a Palavra de Deus. Mas aceitam, também, as tradições e a voz
da Igreja como fontes legítimas de autoridade religiosa, ao lado da
Bíblia. E, em consequência disso, sempre têm substituído as Sagradas Escrituras
por mandamentos de homens e de retos de concílios.
Ü Os evangélicos
combatem as três posições acima. Em oposição às duas primeiras, sustentam que a
Bíblia é, em sua totalidade, a Palavra de
Deus e que cada uma de suas partes é divinamente inspirada e infalível.
Contra os católicos afirmam que a Bíblia é a única regra de fé e prática, e
rejeitam a tradição como regra de fé. Tomam para seu moto neste assunto a nobre
senha: “Bíblia e somente a Bíblia é a religião dos protestantes".
Podemos,
resumir
assim a posição dos evangélicos:
Ø
A
soberania de Deus implica a soberania de sua Palavra.
Ø
Desde
que se concorde que na Bíblia Deus se revelou ao homem, segue-se que nem as
conclusões da razão humana finita nem os decretos de uma igreja ou de um papa
falível podem ser regra suprema de fé e pratica.
Ø
Somente
a Palavra de Deus constitui, para o homem, uma regra infalível de fé e de
prática.
Ø
O
sistema presbiteriano aceita como objeto apenas as verdades cuja origem e
autoridade decorrem das Escrituras.
î ASPECTOS PRINCIPAIS DO SISTEMA PRESBITERIANO
Após
as considerações anteriores, é natural que verifiquemos quais os aspectos
capitais do sistema: Teologia, Dever, Culto e Governo.
1. Teologia
É fundamental, no presbiterianismo,
o seu sistema teológico: exposição do que devemos crer acerca de Deus e das
suas relações com os homens.
Tem-se
dito que a teologia presbiteriana é
calvinista, mas esse termo não diz tudo. Todas as doutrinas
presbiterianas têm sua origem na
Palavra de Deus. Na Confissão de
Fé e nos Catecismos há outras
doutrinas além daquelas que são peculiarmente calvinistas.
Há, em
nossos padrões doutrinários, três grandes elementos teológicos:
É
No
primeiro estão as doutrinas aceitas por todos os cristãos
É
No
segundo, doutrinas mantidas por todos os protestantes
É
No
terceiro, as doutrinas caracteristicamente calvinistas
No primeiro elemento -
há verdades como:
·
A
existência de Deus
·
A
unidade de Deus
·
A
trindade
·
O
plano de Deus
·
A
criação
·
A
providência
·
A
queda do homem
·
O
pecado
·
O
castigo
·
A
liberdade da vontade humana
·
A
pessoa de Cristo
·
A
personalidade do Espírito Santo
·
A
salvação mediante a obra do divino Redentor
·
A
ressurreição dos mortos.
Os cristãos todos aceitam,
substancialmente, essas doutrinas em sua forma geral, mesmo quando introduzem
variações em detalhes.
No elemento
caracteristicamente protestante estão doutrinas como:
·
A
da supremacia das Escrituras Sagradas como regra de fé e prática
·
A
supremacia da autoridade de Deus sobre a consciência humana
·
O
sacrifício vicário e mediação exclusiva de Cristo
·
A
justificação do pecador arrependido somente pela fé
·
A
promoção dos santos para o céu imediatamente após a morte
·
Sua
completa santificação no estado de glória.
Essas
doutrinas são um traço de união entre todos os cristãos evangélicos de todo o
mundo.
No
elemento caracteristicamente calvinista do presbiterianismo estão as doutrinas
usualmente denominadas os cinco pontos do Calvinismo:
·
Predestinação
incondicional, oposta à predestinação condicional
·
Expiação
definida ou a redenção particular, oposta à expiação indefinida
·
A
depravação total do gênero humano, oposta à depravação parcial
·
A
graça eficaz, oposta à graça incerta
·
A
perseverança final dos Santos, oposta a perseverança parcial.
Esses cinco pontos são peculiares ao
presbiterianismo e distinguem os calvinistas dos demais cristãos evangélicos.
Muitos batistas e congregacionais, e alguns episcopais e metodistas são, nesses
cinco pontos, teologicamente presbiterianos.
Os
cinco pontos do Calvinismo são apenas a afirmação da soberania de Deus na
salvação do homem. Para nós, a salvação de cada crente faz parte de um grande
plano da providência divina, formulado desde toda a eternidade.
Com
referência à salvação, cremos o seguinte:
· Que
a salvação não vem como recompensa à fé, mas que tanto fé como salvação são
dons gratuitos de Deus
·
Que
todo crente é objeto de amor eterno, gracioso, definido, incomparável
·
Que
o pecado domina o homem de tal maneira que este é incapaz de salvar-se por si
mesmo
·
Que
a regeneração é um livre ato da vontade de Deus — e de Deus apenas
·
Que
o homem não pode ser, ao mesmo tempo, autor do pecado e autor da salvação
·
Que,
quando o Espírito Santo toca eficazmente uma alma, esta adquire nova vida
· Que
aqueles a quem Deus ama em Cristo, são de seu amor até o fim: a pessoa
regenerada não é daquelas que se retiram para a perdição, mas daquelas que creem
para o ganho da alma (Hb 10.39).
Encontramos todo o Calvinismo em sua
forma original nas seguintes palavras:
Todo
aquele que o Pai me dá, esse vira a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o
lançarei fora
(Jo 6.37). As minhas ovelhas ouvem a
minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais
perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão (Jo 10.27,28). Ora, aquele que é poderoso para vos guardar
de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua
glória, ao único Deus, nosso Salvador mediante Jesus Cristo, Senhor nosso,
glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por
todos os séculos. Amém (Jd 24,25).
A teologia presbiteriana
e consistente do começo ao fim. Reconhecendo a soberania divina em todas as
coisas, tanto na natureza como na graça e na providência, atribui tudo quanto
acontece à soberana vontade de Deus.
O
racionalismo,
pelo contrário, atribui o governo e o controle do universo a forças naturais,
cegas e sem inteligência. O racionalismo acaba sempre no
deísmo, na infidelidade ou no fatalismo.
O
arminianismo,
por sua vez, faz do homem, em grande parte, o árbitro do destino, mutilando,
assim, a fé, ofuscando a esperança, introduzindo, enfim, os caprichos, as
impertinências e as fraquezas inerentes à natureza humana, como fatores
preponderantes no plano universal das coisas.
O
sistema
presbiteriano afirma que o Espírito eterno, misericordioso, justo,
onipresente, onipotente e onisciente criou e sustenta, guiou e continuará a
guiar todo o universo, a flor modesta e o sol flamejante, o homem pecador e o
santo arcanjo, até que os propósitos divinos se consumam na libertação do
pecado em que se acha acorrentada a criação fatigada e gemedora.
Creem
os presbiterianos que, embaixo, em cima, ao redor, em cada parte e no conjunto
do sistema de coisas a que denominamos universo, houve, há e haverá uma vontade
dominante, uma justiça real, um nobre amor: a justiça, a vontade e o amor que
Deus é. Não acreditam na fatalidade nem no homem como árbitros do destino, mas
em Deus, o Pai onipotente.
Pr. Israel B. Alves
Este é o primeiro de uma serie de estudos sobre o sistema de governo presbiteriano... Que Deus nos ajude, Soli deo Gloria...
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