terça-feira, 11 de setembro de 2012




Estudo Sistemático – Sistema de Governo Presbiteriano

     

Dos sistemas doutrinários da cristandade, pode-se dizer, sem nenhum favor, que o mais sólido, o mais logicamente articulado e o que melhor expressa o ensino das Escrituras é o presbiteriano.
Procurei expor as características, a autoridade e os deveres do sistema presbiteriano. Dou ênfase à influência da idéia fundamental desse sistema: a soberania de Deus sobre o seu todo e sobre cada parte. Apresento os aspectos fundamentais do presbiterianismo — como se encontram nos padrões de Westminster - sob os seguintes Introdução
títulos: Teologia, Dever, Culto e Governo.
Indico até que ponto vai a autoridade desses padrões sobre os membros e os oficiais da Igreja Presbiteriana, e as obrigações individuais e coletivas decorrentes da aceitação de tais regras.
Nestas páginas tentarei expor, resumidamente, o sistema de verdades contidas nos padrões da igreja ou, em outras palavras, buscarei responder à seguinte pergunta: “Quais as características fundamentais do sistema presbiteriano de fé e prática?".
A IDÉIA FUNDAMENTAL
A palavra “presbiteriano" não designa apenas o adepto de uma forma particular de governo eclesiástico.
A doutrina da soberania de Deus é a idéia fundamental do sistema presbiteriano. Soberania de Deus significa o controle absoluto de tudo quanto existe, exercido por Deus. O Espírito de Deus, onipotente, onipresente, onisciente, eterno e supremo, governa todas as coisas visíveis e invisíveis, e as governa para fins sábios, santos e justos; fins estes conhecidos cabalmente por Deus apenas.
O sistema presbiteriano: é o corpo de verdades e leis religiosas que tem como verdade fundamental a soberania de Deus.
                  I.   O princípio central da soberania de Deus decorre de fé e prática
  • O primeiro fato a se observar acerca da verdade religiosa é se Deus — que é a verdade eterna — realmente falou orientando os homens em matéria de fé e de conduta.
Todos os cristãos afirmam que Deus falou aos homens e que essa revelação se acha entesourada na Bíblia. Mas, embora todos os que se dizem cristãos aceitem a Bíblia como Palavra de Deus, nem todos a consideram regra única de fé e prática.
Poderíamos dividir a cristandade em quatro classes, neste assunto: racionalistas, liberais, católicos e evangélicos.
Ü  Os racionalistas negam que a Bíblia seja realmente Palavra de Deus.
Ü  Os liberais afirmam que a Palavra de Deus está contida nas Sagradas Escrituras, mas negam que toda a Bíblia seja a Palavra de Deus. Além disso, alguns liberais colocam a razão humana em pé de igualdade com a Escritura, como fonte de conhecimento religioso.
Ü  Os católicos afirmam que a Bíblia é a Palavra de Deus. Mas aceitam, também, as tradições e a voz da Igreja como fontes legítimas de autoridade religiosa, ao lado da Bíblia. E, em consequência disso, sempre têm substituído as Sagradas Escrituras por mandamentos de homens e de retos de concílios.
Ü  Os evangélicos combatem as três posições acima. Em oposição às duas primeiras, sustentam que a Bíblia é, em sua totalidade, a Palavra de Deus e que cada uma de suas partes é divinamente inspirada e infalível. Contra os católicos afirmam que a Bíblia é a única regra de fé e prática, e rejeitam a tradição como regra de fé. Tomam para seu moto neste assunto a nobre senha: “Bíblia e somente a Bíblia é a religião dos protestantes".
Podemos, resumir assim a posição dos evangélicos:
Ø  A soberania de Deus implica a soberania de sua Palavra.
Ø  Desde que se concorde que na Bíblia Deus se revelou ao homem, segue-se que nem as conclusões da razão humana finita nem os decretos de uma igreja ou de um papa falível podem ser regra suprema de fé e pratica.
Ø  Somente a Palavra de Deus constitui, para o homem, uma regra infalível de fé e de prática.
Ø  O sistema presbiteriano aceita como objeto apenas as verdades cuja origem e autoridade decorrem das Escrituras.
î  ASPECTOS PRINCIPAIS DO SISTEMA PRESBITERIANO
Após as considerações anteriores, é natural que verifiquemos quais os aspectos capitais do sistema: Teologia, Dever, Culto e Governo.
1. Teologia
É fundamental, no presbiterianismo, o seu sistema teológico: exposição do que devemos crer acerca de Deus e das suas relações com os homens.
Tem-se dito que a teologia presbiteriana é calvinista, mas esse termo não diz tudo. Todas as doutrinas presbiterianas têm sua origem na Palavra de Deus. Na Confissão de Fé e nos Catecismos há outras doutrinas além daquelas que são peculiarmente calvinistas.
Há, em nossos padrões doutrinários, três grandes elementos teológicos:
É No primeiro estão as doutrinas aceitas por todos os cristãos
É No segundo, doutrinas mantidas por todos os protestantes
É No terceiro, as doutrinas caracteristicamente calvinistas
No primeiro elemento - há verdades como:
·         A existência de Deus
·         A unidade de Deus
·         A trindade
·         O plano de Deus
·         A criação
·         A providência
·         A queda do homem
·         O pecado
·         O castigo
·         A liberdade da vontade humana
·         A pessoa de Cristo
·         A personalidade do Espírito Santo
·         A salvação mediante a obra do divino Redentor
·         A ressurreição dos mortos.
Os cristãos todos aceitam, substancialmente, essas doutrinas em sua forma geral, mesmo quando introduzem variações em detalhes.
No elemento caracteristicamente protestante estão doutrinas como:
·         A da supremacia das Escrituras Sagradas como regra de fé e prática
·         A supremacia da autoridade de Deus sobre a consciência humana
·         O sacrifício vicário e mediação exclusiva de Cristo
·         A justificação do pecador arrependido somente pela fé
·         A promoção dos santos para o céu imediatamente após a morte
·         Sua completa santificação no estado de glória.
Essas doutrinas são um traço de união entre todos os cristãos evangélicos de todo o mundo.
No elemento caracteristicamente calvinista do presbiterianismo estão as doutrinas usualmente denominadas os cinco pontos do Calvinismo:
·         Predestinação incondicional, oposta à predestinação condicional
·         Expiação definida ou a redenção particular, oposta à expiação indefinida
·         A depravação total do gênero humano, oposta à depravação parcial
·         A graça eficaz, oposta à graça incerta
·         A perseverança final dos Santos, oposta a perseverança parcial.
Esses cinco pontos são peculiares ao presbiterianismo e distinguem os calvinistas dos demais cristãos evangélicos. Muitos batistas e congregacionais, e alguns episcopais e metodistas são, nesses cinco pontos, teologicamente presbiterianos.
Os cinco pontos do Calvinismo são apenas a afirmação da soberania de Deus na salvação do homem. Para nós, a salvação de cada crente faz parte de um grande plano da providência divina, formulado desde toda a eternidade.
Com referência à salvação, cremos o seguinte:
·       Que a salvação não vem como recompensa à fé, mas que tanto fé como salvação são dons gratuitos de Deus
·         Que todo crente é objeto de amor eterno, gracioso, definido, incomparável
·         Que o pecado domina o homem de tal maneira que este é incapaz de salvar-se por si mesmo
·         Que a regeneração é um livre ato da vontade de Deus — e de Deus apenas
·         Que o homem não pode ser, ao mesmo tempo, autor do pecado e autor da salvação
·         Que, quando o Espírito Santo toca eficazmente uma alma, esta adquire nova vida
·    Que aqueles a quem Deus ama em Cristo, são de seu amor até o fim: a pessoa regenerada não é daquelas que se retiram para a perdição, mas daquelas que creem para o ganho da alma (Hb 10.39).
Encontramos todo o Calvinismo em sua forma original nas seguintes palavras:
Todo aquele que o Pai me dá, esse vira a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora (Jo 6.37). As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão (Jo 10.27,28). Ora, aquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém (Jd 24,25).
A teologia presbiteriana e consistente do começo ao fim. Reconhecendo a soberania divina em todas as coisas, tanto na natureza como na graça e na providência, atribui tudo quanto acontece à soberana vontade de Deus.
O racionalismo, pelo contrário, atribui o governo e o controle do universo a forças naturais, cegas e sem inteligência. O racionalismo acaba sempre no deísmo, na infidelidade ou no fatalismo.
O arminianismo, por sua vez, faz do homem, em grande parte, o árbitro do destino, mutilando, assim, a fé, ofuscando a esperança, introduzindo, enfim, os caprichos, as impertinências e as fraquezas inerentes à natureza humana, como fatores preponderantes no plano universal das coisas.
O sistema presbiteriano afirma que o Espírito eterno, misericordioso, justo, onipresente, onipotente e onisciente criou e sustenta, guiou e continuará a guiar todo o universo, a flor modesta e o sol flamejante, o homem pecador e o santo arcanjo, até que os propósitos divinos se consumam na libertação do pecado em que se acha acorrentada a criação fatigada e gemedora.
Creem os presbiterianos que, embaixo, em cima, ao redor, em cada parte e no conjunto do sistema de coisas a que denominamos universo, houve, há e haverá uma vontade dominante, uma justiça real, um nobre amor: a justiça, a vontade e o amor que Deus é. Não acreditam na fatalidade nem no homem como árbitros do destino, mas em Deus, o Pai onipotente.
Pr. Israel B. Alves

Um comentário:

  1. Este é o primeiro de uma serie de estudos sobre o sistema de governo presbiteriano... Que Deus nos ajude, Soli deo Gloria...

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