LUCAS
Lucas foi um dos líderes da Igreja Primitiva e acompanhou Paulo em várias viagens missionárias. Ambos eram amigos, e o apoio de Lucas foi um encorajamento para o apóstolo. Tradicionalmente, Lucas é considerado o “médico amado” – “Saúda-vos Lucas, o médico amado, e Demas.” (Cl. 4:14), é inclusive homenageado por algumas faculdades católicas de medicina no dia de São Lucas.
Existem, entretanto, apenas três referencias especificas a Luca no Novo Testamento. Ao escrever para Filemom, Paulo claramente o mencionou, junto com Marcos, Aristarco e Demas, como “meus cooperadores” (Fm 24). De acordo com 2 Timóteo, o apóstolo mencionou com uma atitude de apreciação a presença de Lucas, quando disse “Só Lucas está comigo” (2 Tm. 4:11).
O prólogo antimarcionita declarava que Lucas era nativo de Antioquia da Síria, que jamais se casou e morreu em Boeotia (um distrito a Grécia antiga), com 84 anos de idade. Lucas era um discípulo dedicado e demonstrou grande interesse pela formação e pelo desenvolvimento da Igreja.
Embora pouco se saiba sobre o passado de Lucas, descobre-se muitas coisas sobre seus interesses e preocupações quando se lê os dois livros do Novo Testamento de sua autoria – o Evangelho de Lucas e o livro de Atos. Os dois juntos constituem cerca de 27% do NT.
Lucas, o historiador - deve-se uma atenção especial ao prefácio do Evangelho de Lucas. Lucas tencionava apresentar um relato das origens históricas do cristianismo que tivesse um elevado grau de credibilidade (note seu uso do termo grego tekmeria, que significa “provas infalíveis”, em Atos 1:3). Desta maneira deu cuidadosa atenção à confiabilidade histórica e é considerado o historiador por excelência do Novo Testamento. Deixou claro que o cristianismo deve ser compreendido contra o plano de fundo tanto da história judaica como romana (Lc. 2:1; 3:1,2; At. 10:1; 11:19; 26:26).
Lucas, o artista literário – sua maneira leve de apresentação não estava limitada apenas à narrativa histórica. Era evidente também nas parábolas contadas por Jesus. A maioria das narrativas mais conhecidas chegaram a nós por meio de Lucas: “o rico insensato” (Lc. 12:16-21), “a figueira estéril” (13:6-9), “a grande ceia” (14:16-24), “o mordomo infiel” (16:1-9) e “os servos inúteis” (17:1-10). Alguns exemplos encontrados exclusivamente em Lucas são inesquecíveis, como as parábolas do “bom samaritano” e do “filho pródigo”.
Lucas era um poderoso comunicador e usa uma variedade de materiais, como registros históricos, tradições orais, parábolas, pregações de antigos cristãos e lembranças de testemunhas oculares para compartilhar a mensagem sobre Cristo e o surgimento da comunidade cristã.
A ênfase de Lucas na alegria – este tema repete-se por todo o seu evangelho e no livro de Atos. É impressionante como frequentemente ele usa o verbo “alegrar-se”, para descrever a diferença que Jesus fazia na vida de seus seguidores (Lc. 6:23; 10:20; 13:17; 15:5,32; 19:6). Lucas acreditava que a fé cristã tencionava trazer não somente o perdão dos pecados, mas também a alegria e o regozijo à vida diária.
Em Atos, a recepção do Evangelho de Cristo também era acompanhada pela alegria. Isto ficou evidente quando Filipe proclamou a Jesus e teve uma resposta favorável em Samaria: “Havia grande alegria naquela cidade” (At.8:8). Da mesma maneira o eunuco etíope após sua conversão e seu batismo, “jubiloso, continuou o seu caminho” (At.8:39). Atos 16:34 e 5:41, também são exemplos a alegria citada por Lucas em tantos outros trechos.
A ênfase de Lucas na oração – Lucas é chamado de “o evangelista da oração”. Embora todos os evangelhos revelem Jesus como um homem de oração e afirmem a função que ela exerce, Lucas demonstra com maior ênfase a importância da oração na vida de Cristo e na Igreja cristã. Lucas mantém seu interesse pela oração, no livro de Atos, onde encontramos muitos elementos da súplica, inclusive adoração (27:35; 28:15), confissão de pecado (19:18), petição (9:11,13-16; 10:31; 22:10) e intercessão (7:60; 12:5; 27:23-25; 28:8). O nascimento da Igreja foi resposta da oração. A escolha de Matias, como substituto de Judas Iscariotes, foi feita depois de intensa oração (At. 1:12-26). Lucas era enfático em insistir sobre a importância da oração no ministério de Jesus e na comunidade cristã. Em sua visão, Deus usava a súplica fiel de seu povo para estabelecer seu reino na Terra.
O interesse de Lucas pelo Espírito Santo – uma grande ênfase é dada ao testemunho externo do Espírito Santo. Os sinais e maravilhas operados pelos apóstolos e seus cooperadores eram uma expressão desse testemunho. O espírito tomou aqueles que anteriormente foram fracos e sem poder e deu-lhes “ousadia” para falar corajosamente sobre Jesus. Isso foi verdade com relação a Pedro e João (At. 2:29; 4:9,10,13), Estevão (6:10),Filipe (8:30-35), Barnabé e Paulo (13:46;14:3) e os apóstolos em geral.
A convicção universal de Lucas – Lucas tinha uma forte convicção de que a mensagem do cristianismo não deveria limitar-se apenas a um povo ou a uma região. Isso o levou a enfatizar a natureza universal do Evangelho de Cristo. Ele acreditava que era uma mensagem para as pessoas de todas as raças (estudiosos concluem que o próprio Lucas era gentio). “E toda a humanidade verá a salvação de Deus” (Lc. 3:4-6).
Quando o Espírito foi derramado no dia de Pentecostes, os convertidos naturalmente levariam a mensagem do cristianismo para seus países de origem. O curso dos eventos registrados em Atos indica a expansão gradual do Evangelho às regiões dos gentios. A perseguição que se levantou contra a Igreja após a morte de Estevão serviu para dispersar os crentes por toda a Judéia e Samaria (At. 8:1). A conversão de Saulo (Paulo) é contada três vezes em Atos, para enfatizar a importância de seu papel na disseminação do Evangelho. A Igreja espalhou-se rapidamente para Antioquia, Chipre, Ásia Menor, Macedônia, Acaia e Itália, e alcançou desde a capital religiosa dos judeus (Jerusalém) até a capital política dos gentios (Roma).
A compaixão de Lucas – intimamente relacionada com a preocupação de Lucas com todas as raças e classes estava sua compaixão. Ele via em Jesus o exemplo máximo de tal comportamento, Jesus era profundamente preocupado com os desfavorecidos, os explorados e os marginalizados. Não é surpresa que Lucas tenha descrito tantas cenas de banquete, pois a mesa da refeição era a expressão perfeita do amor e da aceitação (Lc. 7:36-50; 10:38-42; 11:37-54; 14:1-14; 19:1-10). Lucas acreditava que havia “uma amplitude na misericórdia de Deus”, e esta dimensão se refletia em sua graça e misericórdia que alcançariam todos os que respondessem a elas.
A ênfase de Lucas em Cristo como Salvador e Redentor – Finalmente, há grande ênfase na salvação, nos escritos de Lucas. A redenção pela vinda de Jesus não se restringiria apenas ao povo judeu, pois abrangeria toda a família humana (3:6). A vinda de Cristo desafiou as pessoas a se arrepender, se quisessem experimentar o perdão (5:32). Jesus, como filho do homem, declarou ter a autoridade para proclamar esse perdão (5:20-26).
Em atos, também anunciou poderosamente esta mensagem de redenção. Mensagem que foi levada, em círculos cada vez mais amplos, até os confins da Terra, e as pessoas se convertiam das trevas para a luz, “e o poder de satanás a Deus” (At. 26:18).
Os dois livros escritos por Lucas abordaram muitos temas. Além de excelente escritor e historiador fiel, ele era também, um bom teólogo, que percebeu o plano e o propósito de Deus e tentou deixar isso claro aos seus leitores.
GARDNER, PAUL. Quem é quem na Bíblia Sagrada.
Filipe, o evangelista, pág. 413 a 419.
Ed. Vida acadêmica.
* Estudo bem elaborado e explicativo gostei,pois não sabia que lucas também era o autor do livro de atos
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