segunda-feira, 19 de março de 2012

Ana (Significado em Hebreu: graça)


 
            A vida de Ana, embora seja mencionada apenas nos dois primeiros capítulos de 1º Samuel, fala conosco de forma veemente. Permanece até hoje como um exemplo de devoção e sacrifício; ela nos ensina o que significa o verdadeiro compromisso com o Senhor do Universo.
            Ana era amada esposa de Elcana, um zufita (descendente de Coate, filho de Levi). Viviam na região montanhosa de Efraim (1ºSamuel 1:1). Ele tinha outra esposa, chamada Penina, que lhe dera vários filhos. Ana, porém, era estéril (1ºSamuel 1:2).
            Elcana e toda sua família subiam anualmente a Silo, a fim de adorar a Deus e oferecer sacrifícios. Ele amava Ana profundamente e lhe dava uma porção dobrada das ofertas do Senhor. Isso, entretanto, não a consolava, pois nessa peregrinação anual, Penina a provocava e aborrecia continuamente (1º Samuel 1:1-7). O motivo de tanta provocação é que Ana era estéril, e Penina dava muitos filhos à Elcana, isso muito aborrecia a Ana, levando-a até às lágrimas.
            Numa dessas ocasiões em Silo, Ana entrou no Tabernáculo do Senhor. Com a alma profundamente angustiada ela derramou seu coração diante de Deus. Em meio às muitas lágrimas, orou, pedindo ao Senhor que lhe desse um filho. Prometeu dedica-lo a Deus todos os dias da existência dele (“E fez um voto, dizendo: SENHOR dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva não te esqueceres, mas à tua serva deres um filho homem, ao SENHOR o darei todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha.” -1ºSamuel 1:11).
            Não era uma dedicação simples. Este voto interpretava a renúncia dela de criar o filho junto consigo em casa. Ele se tornaria um narizeu, totalmente devotado ao serviço do Senhor. Ela o oferecia a Deus, pois abria mão do privilégio de cria-lo e alimenta-lo.
            Eli, o sumo sacerdote, sentado na porta do Tabernáculo, a observava atentamente, enquanto ela orava e chorava. Os lábios dela se moviam, mas não se ouvia sequer uma palavra. Ele então a acusou de estar embriagada e a repreendeu, apresentando-lhe à imoralidade de tais hábitos (1ºSamuel 1:12-14). Ana porém se defendeu apropriadamente e o sacerdote no mesmo instante mudou sua maldição numa benção e a despediu em paz.
            Ao receber o encorajamento da parte de Eli e o conforto do Senhor, Ana não ficou mais deprimida. No tempo determinado, Deus atendeu ao pedido de Ana: ela concebeu e deu à luz a Samuel (seu nome significa “pedido ao Senhor”). Realmente ele representava a resposta da oração.
            Finalmente chegou o tempo de Ana cumprir sua palavra. Depois que Samuel desmamou (antigamente as mulheres israelitas amamentavam os filhos até completarem dois ou três anos de idade), ela fez os preparativos para leva-lo ao Tabernáculo, em Silo. Levou consigo três bezerros, um efa de farinha e um odre de vinho para o sacrifício. Então apresentou Samuel ao sumo sacerdote Eli (1º Samuel 1:24-27).
            O menino Samuel viveria sob a supervisão de Eli e ministraria no Tabernáculo todos os dias da vida dele (1 Sm.1:28). A cada ano sua mãe fazia uma pequena túnica e a levava para ele quando ia com o marido a Silo oferecer sacrifícios. O Senhor foi gracioso com Ana e posteriormente ela deu a Elcana mais três filhos e duas filhas (1 Sm.2:21).
            Ana era uma mulher extraordinária, em sua integridade, fé e compromisso com Deus. Manteve seu voto a um grande custo pessoal e tornou-se um modelo para todas as gerações.
            A oração de Ana em 1º Samuel 2:1-11(“Então orou Ana, e disse: O meu coração exulta ao SENHOR, o meu poder está exaltado no SENHOR; a minha boca se dilatou sobre os meus inimigos, porquanto me alegro na tua salvação. Não há santo como o SENHOR; porque não há outro fora de ti; e rocha nenhuma há como o nosso Deus. Não multipliqueis palavras de altivez, nem saiam coisas arrogantes da vossa boca; porque o SENHOR é o Deus de conhecimento, e por ele são as obras pesadas na balança. O arco dos fortes foi quebrado, e os que tropeçavam foram cingidos de força. Os fartos se alugaram por pão, e cessaram os famintos; até a estéril deu à luz sete filhos, e a que tinha muitos filhos enfraqueceu. O SENHOR é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela. O SENHOR empobrece e enriquece; abaixa e também exalta.”)
            Ana buscou humildemente a Deus e esperou pelo livramento dele. Portanto, o Senhor por fim a abençoou com mais cinco filhos. 1º Samuel 2:5ª fala da mulher estéril que se torna mãe de sete filhos; entretanto, nas Escrituras, o numero “sete” nem sempre deve ser interpretado literalmente e muitas vezes pode simbolizar “realização ou ideal”. Por tudo isso, Ana provavelmente pensava em si mesma quando fez tal declaração.
Penina por outro lado, era orgulhosa e arrogante. Ela, que tinha muitos filhos, seria despojada de sua vitalidade e desprezada. Finalmente, seria destruída juntamente com todos os inimigos de Deus.
            A oração de Ana é verdadeiramente um sacrifício de gratidão a Deus, que a resgatou de seus problemas, mudou suas lágrimas em alegria e a colocou em seu lar como mãe de muitos filhos, feliz e realizada.


GARDNER, PAUL. Quem é quem na Bíblia Sagrada.
Ana, pág. 49,50.
Ed. Vida acadêmica.

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